quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Artigo 2013: REFLEXÃO SOBRE UMA EXPERIÊNCIA NO PRÉ UNIVERSITÁRIO POPULAR PRÁXIS

 REFLEXÃO SOBRE UMA EXPERIÊNCIA NO PRÉ UNIVERSITÁRIO POPULAR PRÁXIS
Artigo apresentado na Semana Acadêmica UFF 2º Semestre 2013

Autores: Sabrina Alves Ferreira
Orientadora: Regina Lúcia Cerqueira Dias (Professora/coordenadora)
Co-orientadores: Wallace Berto (Licenciado em pedagogia UFF)
 Bianca Resende (Graduação em Serviço Social UFF)

Resumo - O presente artigo destina se a apresentação do projeto de extensão UFF Pré Universitário Popular Práxis e as políticas educacionais que permeia o projeto. A breve pesquisa foi organizada em três pilares que se relacionam entre si. O primeiro foi a análise documental do projeto de extensão, o segundo foi o relato dos participantes, ou seja, alunos e professores do projeto via entrevista e por último, na observação participativa do período como bolsista de extensão UFF 2013 correlacionado com a experiência teórica do curso de graduação de Pedagogia. Iniciaremos este artigo identificando o corpo discente do projeto.

Palavras-Chave- Pré-universitário, projeto de extensão, politica educacional, Práxis.

Abstract - This article aims to present the project extension UFF Pre University Popular Praxis and educational policies that permeates the project. A brief survey was organized into three pillars relate to each other. The first was a documentary analysis of the extension project, the second was to participants, ie students and teachers of the project via interview and lastly, the participant observation period a scholarship extension 2013 UFF correlated with the experience of theoretical undergraduate degree in Education. We begin this article by identifying the student body of the project.

KeyWords - Pre-university, extension project, educational policy, Praxis. 

Discentes do projeto de extensão UFF Pré Universitário Popular Práxis

Para ingressar no projeto e compor o corpo discente, os candidatos são submetidos a três etapas de seleção ocorridas no início de cada ano letivo (mês de janeiro) sendo o processo organizado por edital previamente divulgado. A divulgação do edital e calendário de seleção ocorrem pelo site da UFF, por colagem de cartazes nas proximidades do centro de Niterói e na universidade, juntamente com panfletagem em pontos de grande movimento público.
Como disposto em edital, o processo seletivo é composto por três etapas. A primeira é a avaliação sócia econômica que se fundamenta na análise de cópias e originais de documentação e critérios de renda per capta familiar agregada a uma entrevista do candidato. Neste momento ocorre vista da documentação e identificação sobre os interesses do candidato e a passagem das regras de funcionamento do projeto e do vestibular. O candidato deve comprovar que possui renda insuficiente para pagar um curso pré-vestibular.
Alguns desses critérios são, a obrigatoriamente do candidato ser oriundo de escola pública ou oriundos de escolas particulares com 100% de bolsa comprovada, tendo esta exigência exposta no edital.
O parâmetro sócio econômico é inspirado no padrão de seleção para a isenção de taxa do vestibular da UERJ e UFF que é de renda per capita de até R$ 650,00, por integrante domiciliar. A seleção avalia as contas domésticas do candidato entre elas, energia elétrica, água, IPTU, gás, educação, saúde, transporte, entre outras.
A segunda etapa são as provas discursivas de matemática e redação. As provas são elaboradas pelos professores do PUPP (Pré Universitário Popular Práxis) sendo o candidato eliminado casão venha faltar nesta etapa.
A terceira etapa é a divulgação dos resultados e matrícula. Além das provas, todas as etapas são eliminatórias, sendo que o critério de seleção está concentrado em pré-requisitos estipulados pela equipe pedagógica e organizadora do processo seletivo.
Segue trecho do projeto sobre a destinação do mesmo:

“Curso pré-universitário, é destinado a atender alunos de baixa renda e que não possuem capacidade de pagar cursos pré-vestibulares, preparando-os através de uma educação de viés transformador, tanto para os exames vestibulares nas Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES), quanto para cursarem uma universidade com qualidade; o curso visa ainda contribuir para o enriquecimento cultural e de formação geral do aluno, fatores estes que são significativos para uma melhor colocação nos ambientes de trabalho, qualquer que venha a ser a sua trajetória profissional futura. Este Projeto se enquadra no âmbito da educação de jovens e adultos”. Registrado no sistema SIG PROJ / MEC 2012.

No ano de 2013 os candidatos que procuraram o projeto são oriundos do município de Niterói, em sua maioria, do município de São Gonçalo e em menor quantidade do município de Itaboraí.
Neste ano houve o registro de estudantes com idade acima dos 30 anos chegando a encontrar candidatos com mais de 50 anos de idade.
  
O Conteúdo curricular
O conteúdo aplicado pelo projeto esta direcionado pelo ponto 7 do projeto: os conteúdos de cada disciplina serão fixados de acordo com os editais dos vestibulares das IPES do Estado do Rio de Janeiro.
“A seqüência dos conteúdos será fixada pelo grupo de professores de cada área ou disciplina, através de planejamento elaborado e discutido com a Coordenação Geral e demais Coordenações para previsão de visitas, seminários, palestras, etc, que constituem parte integrante do currículo. Muitas vezes uma exposição ou mostra de qualidade substitui muitas aulas dadas em sala.
Ênfase deverá ser dada nos conceitos relevantes em cada disciplina, bem como nos conceitos integradores intra e interdisciplinares; especialmente estes últimos auxiliarão em uma maior integração das disciplinas, compondo o mosaico da integração interdisciplinar, tão propalado, mas pouco vivenciado.  A Ciência de ponta, em qualquer área é inevitavelmente multidisciplinar; nós como universitário sabemos disto, não é possível que continuemos a endossar um ensino defasado, descontextualizado e com inúmeros erros conceituais”. Registrado no sistema SIG PROJ / MEC 2012.
As disciplinas abaixo, com seus desdobramentos, serão objeto de estudo pelos alunos do Curso Pré-universitário:
·         Biologia: Biologia Geral, Biologia Celular, Botânica e Zoologia
·         Física: Mecânica, Ótica e Ondas, Termologia, Eletricidade e Magnetismo;
·         Geografia do Brasil e Humana;
·         História do Brasil e Geral;
·         Língua Estrangeira: Espanhol.
·         Matemática: Álgebra, Álgebra Linear, Análise, Geometria e Trigonometria;
·         Português: Gramática, Literatura Brasileira e Redação;
·         Química: Geral, Inorgânica, Físico- química e Orgânica.
·         Cultura e arte no vestibular.
·         Sociologia e Filosofia.
Este é o conteúdo que pretende garantir a aprovação dos estudantes nas provas de vestibular e Novo Enem. Em observação participativa nota se que a concepção de educação na aplicação destes conteúdos se aproximam a um viés crítico transformador fora dos moldes dos cursos Pré vestibular pagos sem caráter reflexivo.
Mas será que este conteúdo permite esta pratica? E qual é a concepção utilizada pelo projeto para definir o caráter critico transformador do curso?
Como complemento deste artigo, elaboramos perguntas a alguns participantes do PUPP. Esta metodologia tem a intenção de trazer mais elementos para auxiliar o conhecimento do projeto e dar voz aos integrantes que se somam ao projeto.
Uma primeira pergunta foi realizada para buscar impressões, pontos de vista, concepções construídas do projeto e possíveis elaborações do entendimento da ação do PUPP. Esta indagação foi direcionada ao corpo discente. A pergunta realizada para um grupo de estudantes do projeto foi: o que o Pré Universitário Popular Práxis representa para você?
 “Nova esperança, nova oportunidade de um futuro melhor. Preparar o ser humano para a universidade. Gosto de estar no Pré, queria ter mais tempo para acompanhar melhor.’’. (Estudante A -Estudante trabalhador)
“É um aprendizado de vida. Me atrai a diversidade de relacionamento. É muita gente diferente no mesmo espaço. Esperança de passar no vestibular. Ter um futuro melhor.’’ (Estudante B)
 “Vejo no Práxis, um futuro melhor!É um instrumento para que isso ocorra. Me incomoda a falta de educação de algumas pessoas que dividem o prédio com a gente. Eles pensam que são superiores. Acho o que acontece aqui é uma luta de classes deste prédio, é porque somos mais populares.” (Estudante C)
“Penso em entrar na faculdade e o Práxis vai ajudar. Gosto de vir pra cá! È bom! Passar na faculdade muda tudo. É muito difícil.” (Estudante D)                                      
Analisando brevemente as falas dos estudantes participantes do projeto, podemos identificar alguns entendimentos sobre o papel da educação e a construção de sentidos estimuladores que fazem buscar o ensino superior.
Em muitas respostas das entrevistas dos estudantes, estão presentes falas que podem caracterizam os interesses e condições que legitimam a estadia no projeto. Destaca se algumas frases sobre o que o PUPP representa para o estudante, sendo este entendido como uma:
“Nova esperança, nova oportunidade de um futuro melhor”;
 “Aprimoramento pessoal”;
“Perspectiva de futuro melhor”;
“É uma forma de ajudar a passar no vestibular”.

Nestas frases pode ser identificado a concepção de que pelo viés da educação pode se obter ascensão social e melhoramento da vida econômica familiar ou individual.

Corpo Docente e Coordenação pedagógica
O corpo docente é composto em sua maioria por estudantes universitários da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, da Universidade Federal Fluminense e da Federal do Rio de Janeiro. Sendo que alguns dos participantes são formados na graduação, outros cursam mestrados e doutorados.  Alguns professores utilizam o espaço do PUPP para desenvolver projetos de monografias de fim de curso, de pesquisas e para ter horas/ aulas em práticas de ensino que são exigidas em alguns cursos de licenciatura, alem de horas na extensão universitária.
O número do corpo docente gira entre dezessete a dezenove participantes. A equipe docente também registra seus depoimentos através da indagação: por que você está atuando no Pré Universitário Popular Práxis?
“Eu gosto da proposta; tenho a possibilidade de transformar a realidade. Além de que desenvolvo o que a gente aprende, testar a teoria com a prática. Não ficar só na universidade, deslumbrado com a teoria. Posso comparar a vida deles com o que a história fala.’’ Professora de História do Brasil e História Geral em 2008 a 2013– Formada na graduação de História na UFF é Mestra e cursa Doutorado no Museu Nacional RJ
‘’Passar meu conhecimento para transformar as pessoas. Trazer cultura e conhecimento. Gosto de estar no Pré.’’ Professor de Física I- graduado em Física UFF- Atuou no projeto entre 2010 a 2013.
‘’Agradeço ao Pré universitário a oportunidade de estar onde estou. E quero que essa oportunidade passe à frente para aqueles que não tem condições de pagar um pré. Gosto muito de estar atuando.’’Professor de Química de 2010 a 2013- graduada em Química pela UFRJ e atualmente Professora do Estado do RJ. 

A coordenação Pedagógica
No ano de 2013 o projeto conta com três integrantes fixos na coordenação, sendo que dois deste, foram alunos do projeto que tinha como nome Pré Universitário Popular professor Jose Reis sob a coordenação do professor Jairo Selles (Faculdade de Educação), e outro atuou como bolsista treinamento durante 3 anos no projeto. Além destes, no segundo semestre deste ano, o projeto conta com um bolsista de extensão e quatro bolsistas PROAES.
A equipe desempenha toda a parte administrativa educacional e de organização documental do projeto, elaboraram políticas pedagógicas, repassaram informações das universidades sobre o vestibular para o corpo discente, agenda e executa trabalhos de campo, administraram os recursos financeiros, que são poucos, providenciam fotocópias de lista de exercícios, constroem em conjunto com os estudantes murais informativos, fazem acompanhamento de faltas para identificar evasões, confeccionam carteirinhas de identificação de estudantes, elaboram simulados, emitem declarações, asseguram o funcionamento dos horários das aulas, substitui algum professor que venha faltar, respondem as demandas administrativas exigidas pela a universidade.
A relação destes como os alunos é muito próxima e sempre a equipe estava disponível para receber qualquer estudante.  Existe uma escala de dias na semana em que os coordenadores revezam a sua estadia no projeto, sendo garantido pelo menos um coordenador por dia no espaço. Esta escala não impedia, de a qualquer dia, outros coordenadores comparecessem para ajudar, conversar e trocar informações. Para atuar na coordenação é exigido grande comprometimento com o projeto.

Reflexão sobe a pratica
Inicia-se o estudo relacionando os documentos do projeto, os depoimentos coletados, a observação participante para a tentativa de desvendar / identificar concepções de educação, políticas públicas e possíveis linhas teóricas se apresentam no projeto PUPP. A leitura de documentos, a convivência com coordenadores, professores e estudantes, a observação direta e as entrevistas realizadas com as participantes do PUPP, forneceram elementos importantes e fundamentais para a identificação e análise das políticas que atravessam o projeto.
Executar este estudo foi um grande desafio de investigação, visto que não se deve deixardirecionar o olhar para o ponto individual de quem pesquisa. Este ponto de vista não deve gerar interesse teórico único, deve sim ampliar o campo de visão para não promover uma pesquisa refém da observação participante e direta de quem atua no PUPP e ao mesmo tempo o tem como objeto de estudo.
Neste desafio, houve a tentativa de se evitar certezas adquiridas na participação do projeto, como verdades prontas e por vezes panfletárias, tendo o estranhamento (DA MATTA 1984) como máxima que não pode ser abandonada para a manutenção da seriedade do compromisso com construção do conhecimento, que implica certo distanciamento em relação ao campo de análise para não comprometer o caráter o estudo.

O Processo de Bolonha e o Pré Universitário Popular Práxis
Para a identificação e análise do PUPP iniciamos uma breve passagem histórica de ações efetivadas que envolvem o acesso ao ensino superior brasileiro, possibilitando a correlação com o curso Pré Universitário Popular Práxis.
Primeiramente usaremos como base os estudos sobre o Tratado de Bolonha que determinou metas e diretrizes a serem seguidos pelos sistemas europeus de Ensino Superior, tendo em vista a harmonização dos mesmos.
“Assim, os Países que assinaram o Processo de Bolonha comprometeram-se a, até 2010, coordenar as diferentes políticas de ensino de modo a que se tornem equivalentes e facilmente comparáveis ou unificados. Bolonha foi historicamente reconhecido por ter um caráter de universidades ligadas a autonomia. Este processo tem início a partir da declaração de Sorbonne em 1998, que se desdobram em 1999 num encontro internacional que se complementa as declarações de Praga em 2001, Lisboa em 2002 e de Berlim em 2003. Todas estas instancias organizativas, mantém reuniões anuais que discutem diretrizes comuns para a educação mundial”. (SIQUEIRA 2007)
Brevemente sobre o chamado Tratado de Bolonha, este foi subscrito em Junho de 1999 por 29 Estados Europeus, incluindo Portugal, tendo sido adotado por mais países.  No tratado foi definido um conjunto de passos e medidas para a modernização da educação europeia.
O processo de Bolonha elabora documentos que a tônica geral é preparar uma educação calcada na competição, na defesa e ampliação do mercado educacional. Percebe-se o posicionamento comprometido com os governantes e representantes do empresariado educacional. O acordo regeu que a educação deverá ter um caráter diferenciado e que seja atrativo, lucrativo, tendo a necessidade de que se efetuem campanhas para atrair mais alunos. Para atingir esta meta o sistema educacional deverá sofrer grandes modificações.
Um dos motivos desse processo articulatório político para (re) organizar a política educacional européia está fundamentada na necessidade de incentivar o aumento da procura de escolarização como relatado no trecho do documento original escrito no artigo de SIQUEIRA:
“O motivo para a criação do acordo de Bolonha: os governos europeus com sua população envelhecida e escolarizada; capacidade ociosa e pouca capacidade de atrair alunos como vem fazendo a Austrália, Nova Zelândia, EUA e Canadá. Criar cursos competitivos para conquistar novos mercados. Visão da educação como um grande negócio, em especial nos países periféricos. Ou seja, uma visão puramente comercial, travestida de proporcionar mais mobilidade e democratização. Forte influência da UNESCO, trabalhando como ministros e alguns reitores, mais com forte oposição da comunidade acadêmica, em especial professores e alunos”. (SIQUEIRA, 2007, p 5)
Justificado o processo de Bolonha, alguns objetivos centrais deste são efetivar os discursos da modernização da universidade dita arcaica, criando cursos competitivos para conquistar novos mercados, deixando clara a visão de educação como um grande campo para a obtenção de lucro.
Relacionando esses ideais para a conjuntura política brasileira, percebemos que o Brasil foi um país que não participou das reuniões e das ações políticas que culminaram no acordo de Bolonha, porém o Brasil é um dos países que mais efetiva as “recomendações” do processo de Bolonha e tem se saído vitorioso na implementação destas políticas. As diretrizes de Bolonha estão materializadas no Brasil, que parece não medir esforços políticos para a sua efetivação, tendo como ferramenta de materialização dessas ideias, algumas políticas do governo federal.
Para a efetivação da concepção trazida pelo tratado de Bolonha no Brasil, houve a criação de projetos. Alguns desses programas que contam com grande apoio popular e principalmente empresarial se relacionam como o tratado de Bolonha: o Programa Universidade para todos (ProUni) que oferece vagas no setor privado de ensino superior com bolsas para estudantes oriundos de escolas públicas ou de baixa renda; Universidade aberta do Brasil (EAD) que necessita grande investimento tecnológico e material didático unificado; REUNI reformula o caráter curricular das universidade federais e o Programa Novo Enem que homogeniza a avaliação do ensino médio quantitativamente via testes padronizados.
Identificado estas políticas, constatamos que o Brasil nunca foi tão “europeu” em sua história recente marcada pelo governo Lula. O campo educacional atendeu a cartilha política de Bolonha como bula, atuando no processo de (re) significação de políticas. Mas a implementação e regulamentação de políticas para o acesso e para o ensino superior não nascem no governo Lula. Muitos decretos e reformas regulamentaram o acesso e o ensino superior brasileiro e estão registrados na historia educacional brasileira.
O novo Enem tem grande destaque no atual cenário de políticas públicas para a educação do Brasil. O discurso está disponível no documento apresentado para à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior sendo elaborada pelo ministério da educação via Assessoria de Comunicação Social. O item 1.2 diz:
“1.2 - Novo Enem como instrumento de indução da reestruturação dos currículos do ensino médio.
A nova prova do Enem traria a possibilidade concreta do estabelecimento de uma relação positiva entre o ensino médio e o ensino superior, por meio de um debate focado nas diretrizes da prova.
Nesse contexto, a proposta do Ministério da Educação é um chamamento. Um chamamento às IFES para que assumam necessário papel, como entidades autônomas, de protagonistas no processo de repensar o ensino médio, discutindo a relação entre conteúdos exigidos para ingresso na educação superior e habilidades que seriam fundamentais, tanto para o desempenho acadêmico futuro, quanto para a formação humana.
Um exame nacional unificado, desenvolvido com base numa concepção de prova focada em habilidades e conteúdos mais relevantes, passaria a ser importante instrumento de política educacional, na medida em que sinalizaria concretamente para o ensino médio orientações curriculares expressas de modo claro, intencional e articulado para cada área de conhecimento”. (BRASIL, 2009)

Nota-se que o papel de uma avaliação hierárquica, classificatória, homogeneizante, conteúdista e ganhará importância e legitimidade. Mas será esta concepção de avaliação é a única saída na organização do acesso do ensino superior brasileiro? Teríamos outras possibilidades para ingressarmos neste ensino? Será que questionando o número de vagas oferecidas pelo ensino superior e questionar as atuais condições de funcionamento do ensino médio nos trariam novos elementos e perspectivas para debater o acesso?

Considerações Finais
Este breve trabalho encaminha para as considerações finais trazendo muitas perguntas do que respostas prontas. Analisar e identificar as políticas que atravessam o PUPP não é tarefa simples. Muitos outros pontos de análise e pesquisa cabem no projeto do PUPP. Este estudo preferiu se debruçar nos campos da política educacional e a construção de um possível campo educacional popular.
Para finalizar este breve trabalho não podemos deixar de registrar e analisar o nome do projeto. Definir o termo político Práxis é uma tentativa de proporcionar uma síntese reflexiva sobre a atuação no PUPP e seus desafios deixam registrado via dicionário do pensamento Marxista (2004), o signo Práxis, esta definido como:
“[...] a ação, à atividade, e no sentido que lhe atribui Marx, à atividade livre, universal, criativa e autocriativa, por meio da qual o homem cria (faz, produz), e transforma (conforma) o seu mundo e histórico e a si mesmo; atividade específica ao homem, que o torna basicamente diferente de todos os outros seres. Nesse sentido, o homem pode ser considerado como um ser da práxis [...]”. (MARX 2004 p.292)

            Este projeto possui relevância não somente para universidade, mais para a comunidade, atendendo a população que tem desejo de ingressar na universidade, são as mulheres, jovens, pobres e negros que veem o caminho da universidade como algo distante.  A nossa contribuição, portanto, está indissociada de uma perspectiva ampla de ser um polo de produção de conhecimento e formação de cidadãos críticos e ativos politicamente.
           
Referências

DA MATTA, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil?  Rio de Janeiro: Editora ROCCO, 1984.
LEHER, Roberto. ENEM: o que é comodificado é mercadoria. 2008
NASCIMENTO, Alexandre do. Movimentos Sociais, Educação e Cidadania: Um estudo sobre os Cursos Pré-Vestibulares Populares. Orientadora: Prof ª Drª Maria Julieta Costa Calazans. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 1999. Dissertação de Mestrado em Educação.
PERREIRA, Thiago Hingrassia. PRÉ VESTIBULARES EM PORTO ALEGRE: NA FRONTEIRA ENTRE O PUBLICO E O PRIVADO. Dissertação de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Rio grande do Sul, orientação Professora Dr. Marie Jane Soares carvalho, 2007

SIQUEIRA, Ângela.  REUNI- Universidade nova ou nova arquitetura para as universidades brasileiras e  Educação superior em disputa: massificação excludente versus democratização da universidade critica. 2007  E 2008.